quarta-feira, 21 de março de 2012

Os Dois Grandes Mandamentos


Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
Mateus 22:37 a 40.



O nosso destino está estreitamento associado ao que fazemos de nossa vida, e isso é uma verdade plenamente concebida por todos nós. Todas as nossas decisões, sejam de larga escala ou não, mesmo diante das mínimas coisas da vida, passo a passo estão delineando o nosso futuro. Sabemos, com clareza de espírito, que nada decidimos sem avaliarmos o que nos está proposto. E queiramos aceitar ou não, o nosso desprezo ou apatia por algo a nós demonstrado, constitui aferição de valor também – nosso silêncio pode ser interpretado como resposta; uma expressão facial pode ter o caráter de uma decisão. O que pretendo dizer com esse intróito? Aos que estão familiarizados com a palavra de Deus, carecem da pessoa do Espírito Santo para compreenderem os Escritos Sagrados, sob o risco de tomarem uma decisão fundamentada em conclusões errôneas. “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de PARTICULAR INTERPRETAÇÃO.” II Pedro 1:20. E tal alvitre tem aplicação para a Bíblia. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, PORQUE ELAS SE DISCERNEM ESPIRITUALMENTE.” I Coríntios 2:14. É perigoso, portanto, tentarmos dar o sentido que achamos apropriado, ao que está escrito no Livro do Senhor.
No versículo temático encontramos uma mensagem distorcida por não raros irmãos, sinceros até. Entendê-la de maneira equivocada, desvia sutilmente os pés do caminho deixado por nosso Salvador. A interpretação mais comum, maciçamente adotada por quase toda a comunidade cristã é que Cristo, abolindo a lei, os dez mandamentos, estava nesse versículo norteador apresentando uma nova ordem para o Novo Concerto. Mas será que é isso mesmo? Ou não estaremos dando ouvidos à serpente enganadora, fazendo-nos crer que o próprio Deus estaria agora estabelecendo uma mudança radical na substrução do Seu governo?
Analisemos com cuidado o significado que nos traz a cruz do Calvário! Em primeiro lugar, instituamos como parâmetro o versículo 23, de Romanos 6. Assim reza tal citação: “Porque O SALÁRIO DO PECADO é a morte.” Ora, se o castigo de quem peca é a morte, como Cristo poderia ser morto, ou seja, castigado com a morte, se Sua vida se apresentou totalmente incólume quanto ao pecado? Porém todos sabem o motivo, não é verdade? Claro, Cristo se fez pecado por nós, e aí sofreu a punição que era nossa. Compreensível. Agora indago: qual a mensagem que Suas orações no Getsêmane anelam nos fornecer?
Caro leitor, atenta bem para isso! Por três vezes,  o Salvador postulou ao Pai para que o cálice fosse transferido dEle. Vale dizer, destarte, que o pedido de Cristo se referia à questão de Ele ser considerado pecador perante Deus. Lembremos que muitas coisas foram veladas a Cristo. Nem tudo Lhe era revelado. Assim, o imaginar que assumindo o lugar do pecador, sobre Si recairia a sentença contida em Isaías, a saber: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.” Isaías 59:2, pesou-Lhe no íntimo, e receou não mais gozar da presença do Pai. Mas o anjo que desceu dos Céus para confortá-Lo, anunciou o futuro glorioso oriundo de Seu eterno e incomensurável sacrifício – as almas vencedoras no Seu sangue remidor.
Pelo que vimos, o silêncio ensurdecedor de Deus foi uma dura resposta à indagação dAquele que agora teria que decidir pelo destino da humanidade, pelo meu e pelo teu, nobre leitor. A inaudível resposta tríplice foi: NÃO. Não havia outro modo de salvar o mundo transviado; não havia outra maneira de prover a possibilidade de novamente o homem ser posto na presença de Deus e habitar em Sua imarcescível luz. Amigo leitor, se não havia uma outra maneira pela qual Deus pudesse solucionar o problema da raça caída, como, então, só agora, depois que o Seu único Filho padece na cruz, surge a idéia de que a lei que O levou á cruz pode ser abolida? Sem nexo, não achas?
Façamos uma pálida comparação. Imagina que existisse uma regra áurea que determinasse cortar a mão do filho desobediente. Daí o rei dissesse ao seu filho mais velho: “Meu filho, se tocares nisso aqui, serei obrigado a cortar tua mão, porque a lei assim estabelece.” E aí o seu filho lhe desobedece. Então o rei o chama e sentencia: “Filho, não tenho alternativa. Vou cortar a tua mão.” E o seu filho agora tem uma lesão eterna, uma cicatriz indelével – a mão cortada. Então, vem o seu filho mais moço, o xodó da família. E lhe é recomendado a mesma advertência. Contudo, o inesperado acontece. O xodó também viola a regra firmada. A mãe o socorre, rogando ao rei que ele pondere sobre a questão, afinal aquele é o filho mais novo, é o xodó da família. Ela diz: “Vê a cicatriz  horrível que ficou no mais velho!” E num grito, conclama: “Poupa-lhe, rogo-te, por misericórdia!” Depois de pensar profundamente, delibera o rei concordar com ela e poupa o xodó de perder sua mão, abolindo aquela regra. Indago: se o rei tinha que abolir aquela regra, porque o fez somente depois que o mais velho perdeu sua mão? Como ficaria ele diante dessa situação? Bem, alguém se arriscaria em dizer: “Mas o rei usou de misericórdia!” O que entendemos por misericórdia? Misericórdia é fechar os olhos ao pecado e abraçar o pecador, sem que este cumpra as condições do Concerto?
Em todas as promessas divinas vemos a palavra “SE” inclusa. Tratamos aqui de uma conjunção subordinativa condicional. Noutro falar: dependência. As promessas de Deus estão condicionadas, dependem do nosso compromisso com Ele. A Sua infindável misericórdia está a disposição do homem, entrementes este precisa demonstrar seu interesse e responder à altura do que é prometido. Vejamos. Em I João está escrito: “SE confessarmos os nossos pecados, ELE É FIEL E JUSTO, para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Eu pergunto: por colossal e eterna que seja a misericórdia de Deus, se eu não confessar os meus pecados, eu serei salvo assim mesmo? Se a resposta for sim, Satanás requererá de Deus a Sua misericórdia e terá direito garantido, pois Deus não faz acepção de pessoas, e essa declaração é abrangente.
Isso é sério, muito sério. Não podemos viver como quisermos e acharmos que Deus nos levará de qualquer modo, não. Ele diz solenemente: “Aquele que PERSEVERAR até o fim, esse será salvo.” Mateus 10:22. Perseverar em quê? Se eu vivo como quero, faço o que eu quero, digo que quero, penso o que quero, me alimento como quero, em que estarei perseverando? Não há regra para mim, não há transgressão à vista, ou há? Claro que não. Então, o castigo só atingiu a Cristo, porque assumiu o meu lugar? E depois, para que a existência de Satanás? Terá ele sido impedido de nos tentar depois da cruz? Óbvio que não. Mas nos tentará em quê? Pelo que sabemos Adão e Eva foram tentados por que havia uma ordem divina em voga. E nós, temos uma árvore plantada no meio do jardim, de modo a servir como prova do que queremos de nossa vida – servir a Deus ou ao arquiinimigo? Necessário é entender, caro leitor, que no princípio foi uma árvore só. Hoje ela está inúmeras vezes multiplicada e revestida com rótulos diferentes, com o fito de confundir a mente humana que não é iluminada pelo Espírito Santo. Os incautos verão como Eva que a árvore é boa para se comer e agradável aos olhos.
Não podemos por nós mesmos saber onde estão essas árvores, no entanto, basta-nos conhecer o caráter do Salvador, através do estudo de Sua Palavra, mediante o Espírito Santo, e Ele nos evidenciará os ardis do inimigo, nos mostrará o terreno em que podemos estar em paz com Deus. Fora desse limite, corremos risco. E que limite é esse? Não conseguimos enxergar que a misericórdia e o amor de Deus estão clarividentemente demonstrados em Sua lei? Sim, leitor, em Sua santa lei, os dez mandamentos. Se buscarmos andar por eles, não andaremos em trevas. Com quem Deus diz explicitamente usar de misericórdia? Ele mesmo responde: “E uso de misericórdia com milhares DOS QUE ME AMAM E GUARDAM OS MEUS MANDAMENTOS.” Êxodo 20:6. E aqui o nosso Deus estabelece uma relação muito íntima entre amá-Lo e guardar os Seus mandamentos, percebes? Não seria eco desse pensamento divino, as palavras de Cristo: “Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos”? João 14:15. Impressionante, não?
Entrementes, o versículo temático aparenta resumir os dez mandamentos em apenas dois. Entendem assim os cristãos hodiernos que agora são dois, não mais dez. Todavia como Cristo conclui a sua assertiva? “Destes dois mandamentos dependemTODA A LEI e os profetas.” Mateus 22:40. Pelo que vemos aqui não há destruição ou substituição, mas um compêndio. Ele disseDEPENDEM. Se dependem, a lei ainda está em voga, pois como estabelecer relação de dependência com aquilo que fora ou será extinto. Não tem cabimento. Nosso viver deve ser pautado na observância da lei e dos profetas. E se Jesus é o alicerce do Novo Concerto, pelo que se demonstra, os princípios do Novo são os mesmos do Velho, pois as Suas palavras corroboram o que antes fora dito por Isaías no Velho Concerto: “À LEI E AO TESTEMUNHO! Se eles não falarem segundo esta palavra, jamais lhes raiará a alva.Isaías 8:20Apocalipse 19:10 nos revela que o testemunho é o espírito de profecia.
Então porque razão nosso amado Mestre mencionou dois mandamentos, dos quais toda a lei e o profetas terão que depender? O apóstolo Paulo nos diz que Deus nos capacita sermos ministros de um novo pacto, “não da letra, mas do espírito, porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” II Coríntios 3:6. A letra da lei mata porque qualquer homem natural que tentar observá-la sem o poder do Espírito Santo, a interpretará segundo seu coração corrompido, estabelecerá suas próprias conclusões, e o resultado será o fracasso, além do peso mental provindo de suas concepções errôneas. Paulo afirma que a lei por ser espiritual, o carnal, aquele que ainda não foi gerado de novo pelo Santo Espírito, não terá sucesso em procurar obedecê-la. Ele terá que nascer do Espírito, a fim de que, sendo agora espiritual, tenha plenas condições, dadas por Deus, para guardar a Sua preciosa lei. Porém, note algo importante: o homem gerado de novo dará frutos para Deus em sua nova vida. E quais são esses frutos? Gálatas 5:22nos dá a resposta – “Mas o fruto do Espírito é: AMOR...” O amor foi citado em primeiro lugar por ser o dom mais importante ou de modo aleatório? O Capítulo do Amor nos oferta a resposta da seguinte forma: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; MAS O MAIOR DESTES É O AMOR.” I Coríntios 13:13. Foi por essa razão que Paulo exprimiu que “O CUMPRIMENTO DA LEI é o amor.” Romanos 13:10. O nosso amor a Deus é medido pela nossa obediência à Sua lei, isso está claro. Assim é conosco em nossas relações pessoais – não adianta eu dizer que amo meu próximo se em meus atos esse amor não for evidenciado. Afirmar que amamos a Deus sem obedecer à sua eterna lei, fazemo-nos hipócritas. Como se expressam os dois mandamentos citados por Cristo? “AMARÁS ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento... AMARÁS o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 22:37 e 39. Percebe o leitor o que é exigido em cada mandamento? Amor.
É consabido que o pensamento é o pai da ação. Assim, por trás de cada ato há um princípio motivador, incontestavelmente. Por exemplo: se entrego uma flor para minha esposa, estou demonstrando com isso que a amo. Eu não preciso dizer que estamos tratando aqui de seriedade e transparência. Eu penso e ajo. E como chamamos aquilo que norteia uma ação? Princípio. Portanto, o amor é o princípio da lei. Como assim? Ora, de que maneira eu poderia mostrar ao mundo que realmente amo a Deus de todo o meu coração, de toda a minha alma e de todo o meu entendimento? Bastante simples: não tendo outros deuses diante de mim; não adorando imagens de escultura ou algo do gênero; não pronunciando o nome do Senhor Deus em vão; não profanando o Seu dia, o sábado. E em relação ao meu próximo, como patentear que o amo como a mim mesmo? Honrando meus pais, idosos e autoridades; não ceifando a vida do meu próximo, não cometendo adultério, nem qualquer tipo de prostituição, não furtando, nem cometendo suas variações, não testemunhando falsamente, em hipótese alguma; não cobiçando o que é alheio. Não há espaço para a dúvida aqui. Cristo anunciou os dois princípios motivadores da lei – amor a Deus e amor ao próximo, que se evidenciam em cada pormenor acima citado. Não é substituição, mas revelação do que Deus espera de cada um de nós – que O amemos acima de tudo, e que amemos ao nosso próximo como a nós mesmos. E esta a razão de a lei ser eterna, pois ela é o próprio Deus. Será que não conseguimos ver que cada princípio tem a ver com as duas tábuas da lei de Deus? Os quatro primeiros encerram a relação entre Deus e o homem; os seis restantes, entre o homem e o seu semelhante.
A lei de Deus não foi abolida nem alterada. Sua essência é a mesma desde quando saiu das mãos do Todo-Poderoso, e ela deve estar no interior do homem que é nascido dEle, assim como no Seu interior está. Sendo nós gerados de novo, trazemos a lei do Senhor dentro do nosso coração e escrita em nossa mente, obra do Espírito Santo, a fim de que a justiça da lei possa se cumprir em nós, “que não andamos segundo a carneMAS SEGUNDO O ESPÍRITO.” Romanos 8:4. Porquanto está escrito: “Esta é a aliança que farei com eles DEPOIS DAQUELES DIAS, diz o Senhor: Porei as minhas leis EM SEUS CORAÇÕES, E as escreverei EM SEUS ENTENDIMENTOS.” Hebreus 10:16.
O princípio do governo de Deus é e sempre será o amor. Foi por amor que Ele deu o Seu Filho por nós; foi por amor que Cristo decidiu morrer por nós; foi por amor que Ele levou cativo o cativeiro, e libertou os espíritos das prisões; foi por amor que subiu aos Céus, a fim de preparar morada para os salvos; foi por amor que Ele enviou o Espírito Santo, com o propósito de nos tornarmos semelhantes a Ele; e por amor, Ele em breve virá nos buscar.
É digno de nota que o tempo do verbo de ambos os princípios da lei de Deus se iniciem com o verbo no futuro do indicativo – amarás. Foi acaso ou adrede? Não entendemos que o tempo verbal ali aplicado, nos traz uma lição valiosíssima? O verbo está no futuro porque é uma promessa, e toda promessa divina é condicionada à fé nEle depositada. É uma relação de dependência. É como se Deus estivesse a dizer: “Tu me dás o teu coração e como resultado, como sinal do que farei a ti, amarás ao Senhor teu Deus acima de todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo.”
Caro leitor, Deus te fará amá-Lo não somente por palavras, mas máxime por atos, em cada passo que deres, porquanto nenhuma palavra volta para Ele vazia sem que tenha cumprido o Seu propósito, contudo isso só ocorrerá em tua vida se deixares que Ele guie o teu viver. Se entregares a tua vida ao Salvador, SE DECIDIRES viver uma vida que seja agradável ao Senhor, Ele te recriará e te concederá o Espírito Santo para que sejas um verdadeiro filho de Deus, disposto não só para amá-Lo de todo o teu coração, de toda a tua alma, e todo entendimento, como também para amar ao teu próximo como a ti mesmo. Aquele que te comprou com o Seu sangue, diz: “Torna-te para Mim, porque Eu te remi.” Isaías 44:22. Volta para o seio do Pai que te aguarda dia após dia, com os Seus braços abertos prontos para te receber. A vitória está a tua espera!
Que Deus nos abençoe!




                            O NOVO MANDAMENTO

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